Foi por volta de 1670 que os portugueses passaram a impulsionar o cultivo do cacau no Brasil por determinação da Coroa, iniciando o plantio na região amazônica do Pará e posteriormente chegando ao sul da Bahia, tornando esse cultivo no século XIX como a principal atividade econômica da região.
Esse movimento desenvolveu novos conhecimentos e assim surgiu um sistema diferenciado de agricultura, a Cabruca, que consiste no plantio do cacau sob a sombra das árvores da Mata Atlântica, um modelo único de agricultura e é utilizado por mais de 200 anos.
O nome Cabruca tem origem no dialeto tupi-guarani, que originalmente era “cabroca”, uma palavra que une “caá”, ou mata com “oca”, que significa “casa” e na junção das palavras temos “casa na mata” ou no conceito adaptado, “proteção no abrigo da mata”.
Atualmente estima-se que dos aproximadamente 440.000 ha de cacau plantado na região sul da Bahia, 330.000 ha são cultivados pelo sistema Cabruca (*) e a grande diferença das áreas de Cabruca em comparação com outros sistemas de produção de cacau está a reconhecida preservação dos elementos originais da flora e fauna da Mata Atlântica.
Pode-se afirmar que o sistema Cabruca é um agroecossistema e tem a capacidade de manter a biodiversidade, da fauna, proteção das matas ciliares, nascentes e até dos recursos hídricos, o que fortalece a tese da conservação produtiva e esse processo atua até na conservação dos remanescentes da própria Mata Atlântica, um ponto fundamental para sua preservação ecológica.
Os olhos estão voltados para a sustentabilidade, por hábitos mais saudáveis, inclusive nos alimentares e na origem das matérias-primas. Certamente o atributo de um alimento estar associado na conservação da biodiversidade, como o cacau Cabruca, é altamente valorizado pelos consumidores de todo mundo na atualidade. Ponto positivo para a Cabruca.